As vezes é importante olhar para o passado, não digo o olhar saudosista que lamenta a perda de algo, mas o olhar sagaz, que sabe exatamente que experiência procura relembrar, que memória deve reviver para utilizá-la como pilar, como base para edificação de seu trabalho e de sua moral. No final de junho de 2009, O projeto de extensão da UENF " Participação Política e Estado" e seus parceiros realizaram a I Conferência Local para o Controle Social, cujo objetivo era apresantar à sociedade campista idéias sobre a importância da paticipação civil na vida política como instrumento de aperfeiçoamento de nossa democracia e consequentemente das politicas públicas. Através da Conferência trouxemos para Campos diversas Instituições com projetos bem sucedidos na áreas da mobilização civil e do controle social, para que falassem de suas experiências. Dentre eles estava o exemplo do Instituto da Cidadania Fiscal/atualmente Observatório Social do Brasil (OSB) que é uma rede de ONGs dedicada a estimular o controle social através do monitoramento dos gastos do poder público. No ano passado, a Diretora do OSB, Roni Enara, esteve em Campos explicando sobre esse projeto. Após longa jornada de trabalho, o Movimento Nossa Campos estará fundando o nosso observatório amanhã (às 16:00h na OAB, em frente a praça do Liceu) que se intitulará Observatório de Controle do Setor Público (OCSP). Este é o primeiro fruto, a primeira vitória, alcançada com muito trabalho pela sociedade civil campista. Regozijai-vos hoje, posto que, olhando agora para o passado, podemos entender o caminho trilhado e vislumbramos nosso futuro promissor (e também assutador porque conturbado). Abaixo a fala Roni Enara(diretora do OSB) em sua primeira visita a Campos:
"O Prof. Hamilton Garcia entrevistou a Diretora Executiva do ICF - Instituto Cidadania Fiscal/ agora Observatório Social do Brasil (OSB), que será uma das palestrantes da 1ª Conferência Municipal de Controle Social, a ser realizada no dia 24/06, às 18:30 horas, no auditório do IFF (antigo CEFET):
1) Qual a missão do ICF e a experiência até aqui acumulada na perseguição de seus objetivos?
A missão do ICF é estimular as cidades a criarem seu próprio observatório social, dotando-as de metodologia capaz de orientar o trabalho local para o exercício da cidadania fiscal, de maneira padronizada e integrada.A experiência acumulada tem mostrado que é preciso mobilizar a sociedade, de forma a que os Observatórios Sociais tenham a maior representatividade possível e conquistem o apoio dos órgãos fiscalizadores oficiais.Também está claro que trabalhar em Rede, de maneira integrada e padronizada, facilita o processo local e empresta credibilidade ao trabalho do Observatório Social de cada cidade.
2) Em que nível de articulação-maturação encontra-se a rede de Observatórios Sociais disseminados pelo ICF?
A Rede ICF de Observatórios Sociais foi constituída em agosto de 2008 com 03 Observatórios no Paraná. Hoje conta com 12 OS em plena atividade, abrangendo os Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rondônia. Além de mais 20 OS em fase de implantação, incluindo mais os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Maranhão. Os Observatórios são filiados ao ICF e recebem certificado anual, logomarca, conta de e-mail e website. A Rede está dotada de um Sistema Informatizado de Monitoramento das Licitações, fornecido gratuitamente aos OS, com banco de dados integrado.
3) Quais os setores sociais que se destacam na constituição desses Observatórios e quais as instituições de Estado que maior resistência os opõe?
Na maioria das cidades, os setores mais presentes são as representações dos empresários (associações comerciais, federação das indústrias, sindicatos ou conselhos regionais de contabilistas, OAB e as representações da Receita Federal, das Receitas Estaduais e do Ministério Público. Não temos encontrado resistências nos órgãos do Estado ou Federais. Em nível municipal, que é o foco da atuação dos Observatórios Sociais, prefeitos, secretários municipais, comissões de licitação e vereadores de alguns municípios têm oferecido resistência.
4) É possível dizer que a maior autonomia municipal na gestão de seus recursos, sob a Constituição de 1988, por si só, contribuiu para a democratização do Estado brasileiro?
Com certeza não, pois tanto o valor dos tributos arrecadados e repassados aos Municípios é reduzido quanto a participação da sociedade organizada na vigilância e no controle social ainda é insuficiente.
5) Como podemos aumentar o grau de transparência na gestão pública municipal sob um sistema político que garante à classe política expressiva autonomia e liberdade frente à opinião pública por meio de partidos fragilizados? Exercendo nosso papel de cidadãos no processo eleitoral e no controle e vigilância social, através da ação dos Observatórios Sociais, integrados em Rede".
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